POESIA GOIANA
Coordenação de SALOMÃO SOUSA
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LUIZ PINHEIRO SAMPAIO
Nasceu na cidade de Novo Oriente, Ceará, Brasil, aos 27 de maio de 1964. Em busca de melhores condições de vida, por volta da década de 70, a família migrou pouco a pouco para Brasília.
Membro de uma família de raízes e valores católicos, Luiz P. Sampaio ingressou na vida religiosa, mais exatamente na Ordem dos Frades Menores Capuchinhos. Iniciou sua formação no ano de 1988, quando começou os estudos de Filosofia em Goiânia, GO., tendo obtido a licenciatura pela então Universidade Católica de Goiás (UCG). Entre os anos de 1992 e 1995, cursou Teologia em Campo Grande, MS, Nessa mesma cidade, em 2009, iniciou o curso de Letras, na Universidade Católica Dom Bosco (UCDB). Problemas com a visão levaram-no a interromper os estudos, no início do segundos período letivo.
Ordenado sacerdote no ano de 2003, trabalhou em várias localidades, como Nova Fátima –GO, Piracanjuba – GO, Caseara – TO, Campo Grande — MS e Ceilândia – DF,
Atualmente, exerce seu ministério na capital de Goiás. (...)
Em 1987, publicou em formato de apostila, no Centro Educacional 03, de Ceilândia – DF, onde concluiu o ensino médio, o primeiro caderno de poesias, intitulado Alentamento. (...) Em setembro de 1987, o CCPC fez o lançamento de uma coletânea de trabalhos, sob o título de Ceilândia, grita poesia! incluindo seu primeiro poema: Dia do funcionário.
Em 2014, publicou pela Editora da PUC Goiás seu primeiro livro intitulado Poema de resiliência lançado subsequente em Ceilândia –DF e Campo Grande – MS, obtendo boa receptividade por parte dos leitores.
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SAMPAIO, Luiz Pinheiro. Poesia de insurgências. Goiânia: Ed. da PUC Goiás, 2016. 92 p. 15 x 21 cm. ISBN 978-85-7103-922-3
Ex. bibl. Antonio Miranda [ Doação do livreiro José Jorge Leite Brito.
S E R
Não sou o que posso ser,
Mas em breve serei
Aquilo que não fui;
Dou passos para
O que procuro
Somente no caminho: ser.
Sem saber o que vem depois,
Imagino o que serei.
Mesmo que isso seja
Como o tempo, passageiro,
Posso me advir ao que serei.
Amanhã advertirá:
Aquilo que não sou,
E o que parece próximo,
Mas eu agora deseja,
Esse ente subsequente, que serei.
Ando desde agora empenhado em
Assumir-me, sem demora
E, ignorando o que serei
Ergo-me dos baques, resoluto !
E me lanço no sonho morabitino
Do vir a ser.
ESCUSA
Amigo, me desculpa,
Por minhas desculpas!
Quando eu podia te ajudar
E deixei de fazê-lo;
Quando eu devia te ouvir
E travei os ouvidos;
Quando eu devia te aconselhar
E calei minha voz.
Amigo, queira desculpar
As minhas recusas,
pelas vezes que resisti
Sem acolher a tua verdade;
Pelas vezes que me reservei,
Porque só confiei em mim;
Pelas vezes que não prossegui,
Com medo dos desafios;
Tantas vezes me arrependi
Porque não soube esperar.
ESSÊNCIA
Ao cair da tarde
Após cuidar do terreno
Vou lavar minhas mãos,
Separar mimosas flores,
Colhidas no jardim do encantamento.
Vamos nos sentar à mesa
Admirar ideias novas,
Tomar xícaras de sorrisos,
Aquecer novos projetos.
Fomentar as utopias.
Deixemos o tempo correr
Aproveitemos este instante
As flores duram pouco
O encontro é essencial
Estamos sendo no momento.
Importa sentir agora
A meiguice do olhar
O perfume das flores
A grandeza da alma
O valor da amizade.
Nada poderá ofuscar
Aquilo que partilhamos
Os gestos gratuitos,
A singeleza das flores
As palavras fecundas.
HORIZONTES
Amplitude dos pensamentos
Sob pupilas dilatadas
Nitidez de paisagens
Povoam estas profundezas.
Asas abertas
Sobre a extensão do espaço
Anseios, sonhos
Em crescimento.
Nuvens espessas
No firmamento,
Chuvas intensas
Renovam tantas coisas.
Chão encharcado,
Palavras fecundada,
Brotos novos
Renomeiam o mundo.
Olhos da alma:
Janelas abertas
Visões e horizontes,
Plasmam o ser contemplativo.
MATRICIAL
Acima de tudo a pequenez,
O amor fraterno e cordial,
Sem medo do outro.
Ser pela simplicidade,
Amar os indefesos,
Sentar-se ao lado deles.
Seja pela humildade,
Render-se à superação
E perdoar ao seu devedor.
Valer-se da pobreza,
Sem possuir ideias,
Nada e ninguém.
Defender e cuidar de todos,
O pequeno e o grande,
A vida do ser humano.
Ser pela liberdade,
Com respeito ao outro
Na sua individualidade.
Ser pela ternura,
Reconhecer a dignidade
E o significado da vida.
"COLETÂNEA" CEILÂNDIA! GRITA POESIA. Ceilândia, DF: C. C. P. C., 1989? 52 p. Capa e desenhos: Anselmo Rodrigues. No. 03 790 Ex, Bibl. Antonio Miranda
DIA DO FUNCIONÁRIO
Que dia extraordinário!
Hoje é dia do funcionário
E vou pedir ao governamentário
Que aumente esse mínimo salário
Pobre e tão salafrário
Que não dá para aniversário
De um simples publicitário
Que redige um penoso Diário;
Não queria falar este comentário.
Mas coitado do Aquário
Que não tem bonito vestuário
Veste um todo ordinário
Para estar pronto no horário
E começar se calvário
Até ultrapassar o rotinário
Mas o patrão Binário
Não liga para o primário
Que bate as asas como um canário
Procurando o destinatário
Fúnebre como o funerário;
Porque não adianta comentário
Nesta era de custo de vida inflacionário.
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http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/distrito_federal/distrito_federal.html
Página publicada em agosto de 2022
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Página publicada em julho de 2021
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